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Para boa parte dos filósofos antigos, uma das tarefas mais importantes consiste em conformar-se com a própria mortalidade. Para os estoicos a morte é simplesmente um problema a ser superado, em outras palavras, um processo que pode levar à “liberdade” e à autorrecuperação. 

Derrida é um filósofo que trata frequentemente de temas espirituais e sua análise do luto é um bom exemplo do que se pode denominar “filosofia como prática espiritual”. 

Para Derrida, a dimensão espiritual do luto implica memória, testemunho, gratidão, fidelidade e cuidado pelos que nos deixaram. O outro continua vivendo dentro de nós e cabe-nos mantê-lo presente na memória. Após um período conveniente de luto, não podemos retornar a nós mesmos, pois somos mudados para sempre pela morte daquele que amamos; o luto implica honrar o falecido e continuar de certa maneira nossa relação com ele. Mas implica também a reapropriação do eu, não apenas restaurando o antigo eu, mas refazendo-nos a nós mesmos após a morte do outro, que minou nosso sentimento de quem somos.

Acompanhando as reflexões de Derrida, podemos chegar à compreensão do luto como uma relação espiritual que afirma nossa conexão permanente com aqueles que nos inspiraram a nos tornarmos quem somos e com nosso sentimento de pertença a uma comunidade.

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