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Quando ouvimos falar em Nietzsche é muito comum lembrar de sua implacável rudeza para com os valores religiosos e seculares da sociedade ocidental. É bem verdade que seu martelo continua mirando esses mesmos valores até nossos dias. Por isso é difícil imaginá-lo como um filósofo que inspire o cultivo da espiritualidade nos moldes tradicionais. Entretanto, lendo Nietzsche podemos perceber que em meio às duras críticas aos valores tradicionais emerge o anseio pela busca uma humanidade real, que reafirme o humano pelo humano, de modo cada vez mais autêntico. 

A espiritualidade em Nietzsche parece aspirar a uma forma de transcendência que jamais abandona a sintonia com o amor e a beleza existente na Vida em si mesma, por exemplo, superando limites que nos impedem de sermos realmente generosos, sem deixar de reconhecer que eles existem, e retornarão pedindo para serem novamente superados.

No esforço de compreender a forma de espiritualidade cultivada por Nietzsche vamos examinar alguns de seus aforismas que propõem um modo de viver e valorizar a vida que não precisa sair à busca do poder de mundos sobrenaturais idealizados em detrimento do da sagrada força da terra em que cotidianamente pisamos.