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Schopenhauer, a princípio, parece o menos espiritual de todos os filósofos. Mas ao tirar do ser humano qualquer esperança de poder se orgulhar da própria racionalidade ou o crédito de buscar sentido superior à própria existência, ele cria um ponto de partida para uma forma de transcendência, uma das virtudes de maior nobreza espiritual que se pode praticar: a compaixão.

Se não há sentido na finalidade última da vida e a existência individual é em si mesma algo totalmente ilusório, resta a cada ser humano buscar no caminho da compaixão um modo de conviver com os demais, evitando assim uma existência miserável. Salvo pela compaixão, não há nada que possa nos inspirar a cuidar uns dos outros. Trata-se de um princípio ético que nos leva a superar o egoísmo, reconhecendo a presença dos outros em nossa vida.

Schopenhauer fez aproximações importantes entre o modo ocidental de pensar e as filosofias do Oriente, sobretudo da Índia, e embora nem todos os estudiosos concordem que ele nos conduza a uma vertente espiritual, vale a pena ao menos examinarmos um pouco de suas provocações à soberania do ego racional, característico do modo ocidental de pensar.

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